
De Gaveta em Gaveta
Carla De Sà Morais
As gavetas não só guardam toda a variedade de objetos. Guardam também saudades, esperanças, vitorias, segredos, desesperos e frustrações, momentos difíceis e boas ou más recordações. Podemos considerá-las como sendo um sinónimo de ordem. Utilizamo-las por vezes como proteção, para esconderem tudo aquilo que não queremos ver ou, tudo aquilo que não queremos que outros vejam. Contudo, haverá um dia, ou porque estamos alegres ou tristes, confiantes ou inseguros, sentimos a necessidade de abrir essas gavetas, tocar no seu conteúdo, uma espécie de viagem no tempo. Para mim esse dia chegou e convido-vos a virem comigo e juntos, fazermos essa viagem. Vamos abrir cada gaveta e revivermos tudo o que nelas se refugiou: o sonho e realidade, o amor e raiva, a esperança e a solidão, a saudade e o ressentimento. Sentirão, talvez, a minha presença durante a vossa leitura através da força das palavras e da carga emocional que elas carregam. Inspiro-me em tudo
para criar a minha poesia, mas é sobretudo nas relações humanas que a inspiração se faz forte. Dou-vos a mão e avanço convosco na abertura de cada gaveta, para compreenderem e aceitarem a minha sensibilidade e escutarem-me com o coração.
